terça-feira, outubro 31, 2006

Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar

As sociedades industriais contemporâneas pressupõem a colocação no mercado de produtos cuja obsolescência é atingida em tempos cada vez mais curtos. Os avanços tecnológicos incorporados ao lançamento de novos modelos são vendidos através de uma estrutura globalizada de marketing que tem como objetivo transformar supérfluos em necessidades básicas do consumidor. É um modelo de desenvolvimento econômico, social e ambiental insustentável inteiramente divergente com os princípios da Agenda 21.

As embalagens necessárias à proteção de produtos, que se movimentam em rotas intercontinentais, são necessariamente robustas e volumosas, também porque se constituem em motivação de compra para consumidores que se transformam em grandes geradores de lixo. O resultado é conhecido: o volume de lixo per capta gerado tem aumentado significativamente nas últimas décadas. Atualmente são gerados aproximadamente 240 mil toneladas de lixo por dia no Brasil. Desse total, cerca de 100 mil corresponde ao lixo domiciliar, em que apenas 70% é coletado. Cerca de 80% é lançado a céu aberto, em cursos d’água, e em áreas que se constituem em lixões que além de poluir o ambiente atraem para si toda sorte de degradação social.

O resultado obtido por esta situação afeta diretamente a saúde pública e compromete o meio ambiente. Os lixões fornecem condições propícias para proliferação de vetores de doenças como moscas, baratas e ratos. Além disso, o dano ambiental também é grande, já que, além da liberação de gases, a decomposição do lixo gera o chorume, líquido que contamina o solo, o ar e os recursos hídricos, além do desperdício do enorme potencial econômico financeiro e ambiental contido nos materiais recicláveis.

Atualmente as administrações municipais gastam enormes parcelas dos recursos públicos com a limpeza de suas cidades, consumindo para tanto recursos que vão de 8% a 15% de seus orçamentos. Apesar destes gastos elevados, a maioria das cidades continuam sujas e sem perspectivas de solução. Literalmente, tem-se jogado muito dinheiro no lixo.


Diante do enorme desafio do enfrentamento das inúmeras mazelas ambientais e sociais causadas pela má gestão do lixo urbano, é cada vez mais claro que deverá caber à sociedade modificar os seus padrões de comportamento no sentido de controlar as vias de poluição, gerar menos resíduos, reutilizá-los de forma adequada ou condicioná-los em aterros sanitários. Aos governos, compete interpretar os anseios da sociedade de forma que se garanta a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida do cidadão.

A renovação dos recursos naturais e a utilização de produtos menos agressivos ao meio ambiente exigem não apenas a evolução dos processos industriais, como também o envolvimento das populações, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida nas cidades.

No âmbito do município, a redução do lixo produzido é o modo mais eficaz de diminuição dos impactos ambientais, dando ênfase, dentro de todo o processo à política dos 4 Rs: Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar. A consecução desse objetivo está relacionada em cadeia com as operações de manuseio, coleta e transporte e destinação final. Assim, a reutilização do que seria lixo inaugura uma nova era, em que os materiais recicláveis retornam à indústria de transformação, com o que se reduzem o consumo de matéria-prima e os custos finais dos produtos; Volta, à natureza, a matéria orgânica mineralizada, sob a forma de compostos, para melhorar a qualidade do solo.

Mas estas alternativas de solução não poderão ser criadas nem geridas de forma isolada pelo poder público. Constata-se que é imprescindível o envolvimento da sociedade na discussão e ampliação do entendimento da questão ambiental, entendendo-se que a degradação dos recursos naturais está intimamente associada à degradação do próprio ser humano. O equilíbrio ambiental envolve a busca da qualidade de vida humana em todos os sentidos.

Um comentário:

Anônimo disse...

RICARDO, ADOREI MUITO LEGAL...BJS
CELINA CAVANNI