segunda-feira, janeiro 08, 2007

Feliz Ano Novo, Feliz Homem Novo

Nesse período do ano, no limiar de mais uma jornada, quando nos despedimos do ano velho e diante da perspectiva do novo, do imponderável, do desconhecido, dos desafios que virão, e que ainda nos são quase sempre desconhecidos, normalmente nos vemos fazendo uma avaliação de tudo que se passou no ano que finda, como se fosse a exibição de um curta metragem de nossa vida, onde pegamos um trecho desse longo filme, realizado quadro a quadro nas lutas cotidianas, resultado de nossas vivências, alegrias e tristezas, coisas boas e ruins, filme onde quase sempre somos o protagonista, às vezes o diretor, e algumas vezes apenas ator coadjuvante.

E normalmente nessa época, diante da exibição desse curta, nos transformamos em espectadores de nossa própria vida, observando e avaliando tudo que nos aconteceu no ano que acaba, sobretudo as coisas ruins e os erros cometidos, por nós, e nos arvorando da condição de juízes, os erros cometidos pelos outros em nossas vidas. Avaliamos as conquistas e as perdas, para que nessa reflexão busquemos no ano vindouro errar apenas erros novos e conquistar aquilo que não atingimos.

E diante dessa reflexão, quase sempre nos vemos fazendo as tais Resoluções de Ano Novo, onde afirmamos a nós mesmos que no próximo ano tudo vai ser diferente, que aquela dieta que não conseguimos começar nas várias segundas-feiras do ano que acabou, dessa vez vai, e assim, vamos perder peso e nos enquadrar no padrão estético vigente, talvez até uma academia de ginástica, uma plástica, um botox quem sabe.

Nos vemos dizendo que "esse ano vou me dedicar mais ao trabalho, vou ganhar mais dinheiro porquê é preciso colocar meu filho na faculdade", tem também a compra do carro novo, ou talvez aquele curso de línguas prometido em resoluções anteriores e nunca iniciado. Coisas das mais diversas, mas tudo sempre nos debruçando sobre as coisas que não proporcionamos a nós e aos “nossos” no ano que acaba.

Aí vem a provocação. Se realmente realizássemos, todos, uma profunda avaliação do que fizemos e principalmente do que não fizemos no ano que se vai, enxergando-nos como parte de um todo, parte de um coletivo, desfocando o olhar dos nossos umbigos, quase sempre flácidos pela falta da academia de ginástica não iniciada, talvez no lugar de resoluções de dietas, compra de carros novos, cursos de línguas, daquela tão sonhada viagem ao exterior, estaríamos resolutos a verdadeiramente não errar mais os erros egoístas errados nesse e em vários outros anos de nossas vidas.

Estaríamos resolutos a talvez em 2007 estabelecer outras metas. Metas como visitar e ajudar uma creche ou um orfanato, levando às crianças que lá vivem sem pais ou família uma palavra de afeto e esperança, esperança de um ano novo, de um ano melhor, de uma vida melhor.

Estaríamos resolutos talvez em sermos mais tolerantes e carinhosos com nossos filhos, pais, parentes, incluindo aí os cunhados, amigos e colegas de trabalho, distribuindo algo que nada nos custa e tanto faz bem, afeto, sorrisos, bons dias verdadeiros, abraços, coisas que nada nos custam, coisas do ser.

Estaríamos quem sabe decididos a realizar algum trabalho voluntário para uma instituição social ou talvez a abraçar uma causa como a defesa do planetinha onde vivemos, tão esquecido e maltratado nos anos que vem e que vão, maltratado por erros novos e o que é pior por erros velhos, pela ignorância do homem, que juntamente com os vírus, são os únicos seres que destroem e matam seu hospedeiro.

Aí sim, estaríamos nesse processo de descobrimento dos valores reais e das realizações verdadeiramente importantes, comemorando não apenas a chegada do ano novo, que a bem da verdade, trata-se apenas de uma convenção da humanidade para organizar as atividades da sociedade criada por um Papa chamado Gregório em 1582, mas estaríamos comemorando a chegada do homem novo dentro de cada um de nós.

Vamos parar e refletir sobre o que podemos fazer de bom, de novo, de diferente, não apenas a nós, mas ao próximo, ao nosso irmão em humanidade, dando um pouco do que tivermos a dar, e olhe que sempre temos, por menos que tivermos, sempre temos algo a dar, pois nesse país ainda tão injusto com a maioria das pessoas, muitos têm menos, muito menos que nós.

Vamos buscar fazer um 2007 mais fraterno, de mais paz, solidariedade, justiça, amor, e a partir do espocar dos fogos da zero hora do dia 01 de janeiro de 2007, deixemos explodir dentro de nós esses sentimentos nobres, fazendo nascer nos nossos corações, novos homens, que se renovem todos os dias, todo o tempo, todos os anos de nossas vidas.


Feliz Homem Novo, Feliz 2007.

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